terça-feira, 1 de outubro de 2013

Motivo da Greve

Aumento real de 5%, piso e PLR maiores
Aumento real de 5% foi a reivindicação definida em conferências estaduais e na nacional, votada por delegados bancários de todo o Brasil no mês de julho. A proposta sem aumento real foi prontamente rejeitada pelo Comando Nacional já na mesa de negociações, antes de ser confirmada pela assembleia.

A título de PLR, os bancários querem receber três salários mais R$ 5.553,15 para tornar mais justa a distribuição dos lucros.

Sobre o piso, a exigência é de R$ 2.860,21, o salário mínimo do Dieese.

Os argumentos dos bancários são fortes. Foram quase R$ 30 bilhões de lucros nos seis maiores bancos somente no primeiro semestre de 2013. Além disso, os bancários, principais responsáveis pelos excelentes resultados, recebem cada vez menos do valor adicionado, apesar dos reajustes conquistados desde 2004, que acumularam 85,32%.

> Bancários trabalham mais para remunerar acionistas

Valor adicionado é o PIB do setor. São todas as receitas do banco, já subtraídas as despesas de intermediação financeira e outras, operacionais. Esse valor que sobra é distribuído entre acionistas (na forma dividendos e lucros retidos); governo (pagamento de impostos) e trabalhadores (remuneração, vales, auxílios, FGTS).

Entre 1999 e 2005, em média, os acionistas ficavam com 25,9% dessa distribuição do valor adicionado (DVA), os impostos consumiam 24%, e 50,1% eram para aos trabalhadores. Desde 2006, entretanto, enquanto o governo continua com cerca de 23%, os acionistas passaram a receber quase 40% e aos trabalhadores restaram 37% (veja quadro acima).
Fim das Metas Abusivas
As metas cada vez mais abusivas nos bancos é um dos motivos que levaram a categoria à greve. A mobilização não é só por salários, mas também por melhores condições de trabalho, e este recado ficou claro na assembleia que deflagrou a paralisação.

> Abono assiduidade é qualidade de vida

No ano passado, 21.144 trabalhadores afastaram-se de suas atividades nos bancos, adoecidos. Desses, 25,7% com doenças como estresse, depressão, síndrome do pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% por doenças do sistema osteomuscular (como as LER/Dort). A categoria vive uma epidemia.


> Metas levam ao adoecimento
> Afastada é duplamente punida ao perder o VA
> Meta abusiva faz bancário viver sem expectativa

Os números do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que 2013 será igual ou pior. Até março já haviam 4.387 bancários afastados, 25,8% por transtornos mentais, 25,4% por LER/Dort.

Sobrecarga
Um dos lemas da Campanha Nacional deste ano é “Mais bancário, menos filas”. A frase une os anseios dos trabalhadores – que não aguentam mais a pressão e o adoecimento –, com os dos clientes – que querem um atendimento de qualidade.

As filas e a sobrecarga dos funcionários não ocorrem à toa. Somente no primeiro semestre deste ano, foram extintos 1.957 postos de trabalho (dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged).

Se levados em conta somente os bancos múltiplos com carteira comercial (ou seja, fora a Caixa), o saldo negativo de empregos somente neste setor chega a 4.890 no período. E isso, mesmo tendo lucrado R$ 30 bilhões no primeiro semestre, ou R$ 166 milhões diariamente nesses seis meses.

O resultado fica evidenciado no quadro abaixo. O serviço e as receitas aumentaram, mas a quantidade de bancários, caiu.

> Sobrecarga é ignorada pelos bancos

Condições para contratar não faltam, já que somente com o que arrecadam com tarifas dá para pagar a folha inteira e ainda sobra troco. E um troco e tanto. A relação arrecadação com tarifasXdespesas pessoal no Santander, por exemplo, é de 181%. Ou seja, paga a folha inteira e ainda sobra o equivalente a 80% dela. No Bradesco e no Itaú, giram em torno de 150%; no BB, 125% e na Caixa, 104%. Ou seja, só com o que arrecadam atendendo a população poderia ser usado diretamente para melhorar o próprio atendimento, ou seja, contratando.
Vales e Auxílio-creche/babá maiores
O preço da alimentaçã, seja em casa ou fora, está cada vez mais cara para os bancários. Não é à toa que na consulta realizada pelo Sindicato em junho, com mais de nove mil bancários, 82% responderam que vale-refeição e alimentação maiores deveriam ser prioridade na Campanha.

A categoria reivindica vale-refeição, alimentação e 13ª cesta-alimentação.no valor mensal de R$ 678 cada.

> Vale-alimentação precisa subir, dizem bancários

Der acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), os preços em restaurantes subiram 10,71% em um ano. A pesquisa da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert) registrou alta de 22%, de R$ 22,37, em 2012, para R$ 27,40.

A região Sudeste é a que apresenta o valor mais elevado para alimentação fora de casa: R$ 29,51. Na região metropolitana de São Paulo, o valor médio vai a R$ 31,54. Para comer em casa o aumento foi ainda maior. De acordo com o IPCA, subiu 12,53%.

> VR “não dá nem para o cheiro”

Creche/babá - O reembolso do auxílio-creche/babá conquistado na campanha de 2012 da categoria é de R$ 306,21, muito abaixo do que é necessário para gastos com bebês e crianças, atualmente girando acima da casa dos R$ 1 mil.

> Valor de auxílio-creche/babá tem de aumentar

A reivindicação é que o banco pague R$ 678 de auxílio, valor correspondente a um salário mínimo nacional.

Vida e Igualdade
Questões ligadas à segurança e igualdade de oportunidades também faz parte das demandas da categoria.

Os bancários reivindicam custeio de gastos com medicamentos para vítimas de assaltos ou sequestros, mas os bancos chegaram ao cúmulo de sugerir que os trabalhadores busquem reparos a eventuais danos na Justiça.

Também disseram “não” à reivindicação de que bancários não portem mais chaves de cofres ouagências, apesar do risco que isso representa ao trabalhador.

Ambiente desigual - Pela primeira vez os representantes dos bancos admitiram na mesa de negociação que falta igualdade de gênero, raça e para pessoas com deficiência (PCDs). Mesmo assim não houve retorno positivo em relação à contratação de pelo menos 20% de afrodescentes, pois se disseram contra as cotas. Os bancários ressaltaram que elas corrigem dívidas históricas.



 

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