sexta-feira, 29 de junho de 2018

Previ, Funcef e demais fundos de pensão sob ameaça

Projeto de lei enfraquece a participação dos trabalhadores na gestão dos fundos de pensão e abre as portas dessas entidades para agentes do mercado, o que pode resultar em prejuízos bilionários, a exemplo do Postalis; empregados devem pressionar parlamentares
  • Rodolfo Wrolli, Redação Spbancarios
  • Publicado em 20/06/2018 14:39 / Atualizado em 22/06/2018 17:54

Arte: Thiago Akioka
Os ataques contra os empregados de empresas públicas não param. Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei (PLP 268/16) que pode reduzir a participação dos trabalhadores na gestão dos fundos de pensão, como a Funcef (Caixa) e a Previ (Banco do Brasil). 
O projeto já foi aprovado no Senado Federal e agora tramita na Câmara dos Deputados. O texto encontra-se em regime de urgência e por isso pode ser votado a qualquer momento no plenário.
O relator do projeto, deputado Jorginho Mello (PR-SC), apresentou texto substitutivo que retira uma série de pontos prejudiciais do projeto original e preserva a representação dos trabalhadores nos fundos de pensão. 
Ou o projeto original ou o substitutivo do relator pode ser votado e aprovado, o que pode levar a resultados completamente diferentes para os participantes.

Por isso, o movimento sindical orienta os participantes dos fundos de pensão a enviarem mensagens aos deputados e senadores cobrando a não aprovação do PLP 268/16 ou, então, que apoiem o substitutivo apresentado pelo relator.

Gestão dos participantes em risco

Atualmente, os conselhos deliberativo e fiscal dos fundos de pensão patrocinados por empresas públicas têm gestão paritária - metade dos membros são indicados pela empresa patrocinadora e a outra metade é eleita pelos trabalhadores.

O PLP 268/16 original, aprovado no Senado, divide o conselho deliberativo em três: uma parte para agentes de mercado, outra para a empresa patrocinadora e a terceira para os trabalhadores.

O projeto original ainda proíbe a eleição de diretores e determina que a diretoria será formada por agentes selecionados no mercado, o que já levou a prejuízos bilionários em fundos de pensão, como o Postalis, dos funcionários dos Correios.

Atualmente, os participantes de fundos como a Funcef e a Previ têm o direito de eleger metade da diretoria. 
“O projeto original acaba com essa conquista fruto da mobilização dos trabalhadores. Os agentes contratados no mercado vão acabar decidindo sempre em favor da patrocinadora. Os trabalhadores terão seu poder reduzido a um terço dos conselhos deliberativo e fiscal e não poderão mais eleger seus representantes na diretoria”, alerta Valter San Martin Ribeiro, conselheiro da Anapar (Associação Nacional dos Participantes dos Fundos de Pensão) e dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo pelos empregados da Caixa.
“Se o projeto original for referendado pela Câmara, será um prejuízo imenso. No caso da Previ, por exemplo, nós elegemos metade da diretoria e metade dos conselhos e isso pode acabar”, avalia Davi Basso, conselheiro consultivo da Previ.
“O PLP 268 é uma grave ameaça à presença dos trabalhadores aos fundos de pensão”, reforça Marcio de Souza, diretor eleito da Previ. “Os próprios funcionários têm de se mobilizar contra esse tipo de ataque e cobrar dos parlamentares que votem contra o projeto original ou então exigir que apoiem o substitutivo que preserva nossa representação”, orienta.
“Ninguém é capaz de fazer uma gestão melhor dos fundos de pensão do que os próprios trabalhadores e dirigentes, já que nós somos associados dos planos e interessados diretos na administração dos nossos próprios recursos”, afirma Valter San Martin Ribeiro.

Relator apresenta substitutivo que preserva direitos dos participantes 

O relator do PLP 268, deputado Jorginho Mello (PR-SC), que é funcionário do BB, apresentou substitutivo que preserva direitos dos participantes. Veja algumas das alterações do texto substitutivo:
•    Elimina os diretores e conselheiros de mercado que tinham sido introduzidos pelo PLP original, aprovado no Senado.
•    Acaba com o voto de minerva no Conselho Deliberativo e no Conselho Fiscal e prevê que as decisões nesses conselhos sejam tomadas por voto da maioria.
•    A composição da diretoria deve obedecer às determinações do estatuto de cada fundo de pensão.
•    Preserva a paridade entre trabalhadores e empresa patrocinadora que existe atualmente na Previ e na Funcef, por exemplo.
•    Dá novas atribuições ao Conselho Deliberativo, como a aprovação do orçamento anual e a decisão sobre equacionamento de déficit, por exemplo.
•    Dá estabilidade aos conselheiros fiscais e aumenta o poder de fiscalização do Conselho.
•    Exige que conselheiros e diretores sejam participantes dos planos de previdência.

Postalis: prejuízo bilionário sob gestão de mercado
Um exemplo que comprova o evetual potencial danoso que uma gestão de mercado pode causar nos fundos de pensão é o caso do Postalis, dos funcionários dos Correios, cuja gestão dos ativos foi entregue ao banco estadunidense BNY Mellon.

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo abriu em janeiro deste ano processo civil contra unidade brasileira do banco norte-americano para ressarcimento de R$ 8,2 bilhões em prejuízos causados ao Postalis e a seus participantes.

O BNY Mellon foi contratado como único administrador dos recursos da entidade e “praticou atos irregulares que dilapidaram o patrimônio do Postalis e obrigaram os participantes a arcar com uma contribuição extraordinária de 25,98% (além da ordinária de 9%) por 180 meses”, de acordo com o MPF. 
fonte: http://spbancarios.com.br/06/2018/previ-funcef-e-demais-fundos-de-pensao-sob-ameaca

Ivone Silva comenta primeira negociação com Fenaban

Federação dos bancos não levou para a mesa nenhuma resposta sobre o pré-acordo para garantir a validade da CCT
  • Publicado em 28/06/2018 18:20 / Atualizado em 28/06/2018 18:33

A primeira rodada de negociação com os bancos, na quinta-feira 28, foi frustrante para os trabalhadores. A Fenaban (federação dos bancos) não levou para a mesa nenhuma resposta sobre o pré-acordo para garantir a validade da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) depois de 31 de agosto, proposta que foi apresentada pelo Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores na mesa de negociação, já na entrega da pauta, ocorrida em 13 de junho. E também não foi estabelecido nenhum calendário para as próximas negociações. A única data estabelecida foi 12 de julho para a segunda rodada. 
fonte: http://spbancarios.com.br/06/2018/ivone-silva-comenta-primeira-negociacao-com-fenaban

Bancos frustram primeira rodada de negociação

Fenaban chega à mesa sem resposta sobre proposta de pré-acordo para garantir validade da CCT após 31 de agosto, que foi apresentada já na entrega da pauta de reivindicações, em 13 de junho; próxima rodada foi marcada para 12 de julho
  • Redação Spbancarios
  • Publicado em 28/06/2018 17:09 / Atualizado em 28/06/2018 17:55
Foto: Jailton Garcia/Contraf-CUT
A primeira rodada de negociação com os bancos, na quinta-feira 28, foi frustrante para os trabalhadores. A Fenaban (federação dos bancos) não levou para a mesa nenhuma resposta sobre o pré-acordo para garantir a validade da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) depois de 31 de agosto, proposta que foi apresentada pelo Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores na mesa de negociação, já na entrega da pauta, ocorrida em 13 de junho. E também não foi estabelecido nenhum calendário para as próximas negociações. A única data estabelecida foi 12 de julho para a segunda rodada. 
“Esperávamos já sair dessa primeira rodada com o pré-acordo garantido. Mas infelizmente a Fenaban não trouxe respostas. O pré-acordo é fundamental diante do fim da ultratividade, um dos pontos nefastos da reforma trabalhista (lei 13.467/2017)”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do Comando, Ivone Silva.
O princípio da ultratividade, extinto pela nova lei, garantia a validade de um acordo até a assinatura de outro. Assim, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária perde a validade em 31 de agosto deste ano. “Portanto, sem um pré-acordo, todos os nossos direitos previstos na CCT, que são conquistas históricas da nossa luta, como jornada de seis horas, PLR, VA e VR, estabilidade pré-aposentadoria, enfim, todos os nossos direitos correm risco. Por isso, os bancários têm de ficar alertas e estar preparados para a mobilização”, destaca Ivone Silva.
A segunda rodada foi marcada para 12 de julho, às 10h, por conta da agenda dos bancos. “Antecipamos toda a nossa Campanha este ano justamente por conta desse risco [fim da ultratividade], e também porque será a primeira após a vigência da nova lei trabalhista, que retira direitos. Portanto, esperamos que no dia 12 os bancos tragam uma resposta sobre a ultratividade da nossa CCT. E não repitam a frustração desta primeira rodada”,diz a dirigente. 
Este ano, a Fenaban chega à mesa com novo negociador: Adauto de Oliveira Duarte assumiu o cargo, substituindo Magnus Apostólico. 

Negociações

Ivone lembra que a nova lei está, inclusive, enfraquecendo as negociaçoes coletivas. Segundo levantamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), o número de negociaçoes protocoladas caiu 74% nos cinco primeiros meses de 2018, em relação ao mesmo periodo de 2017. A queda foi mais aguda nas convenções coletivas, que tiveram redução de 84%. “Essa queda já é consequência do golpe de 2016 e as várias retiradas de direitos que esse golpe trouxe”, lembra Ivone.
“Diante disso, a categoria tem de estar, mais do que nunca, preparada para a luta em defesa de seus direitos e do próprio modelo de negociação, que também está em risco. Não a toa, um dos eixos de nossos debates nas conferências estaduais e na nacional foi a defesa da mesa única e válida para todo o país”, diz Ivone.

Prioridades

Uma das prioridades da categoria nessa Campanha é garantir que a CCT continue válida para todos os bancários, independentemente da remuneração do trabalhador. Um dos pontos nocivos da nova lei trabalhista é a figura do empregado hipersuficiente: quem ganha mais de duas vezes o teto do INSS, (atualmente R$ 11.291), poderia estabelecer acordos direto com o patrão e não estariam garantidos pela CCT. Outras prioridades são: estabelecer cláusulas na CCT que resguardem os bancários de outras ameaças previstas na lei 13.467, como contrato temporário e terceirização; garantia de empregos; defesa dos bancos públicos; aumento real. Outro ponto fundamental é a defesa da mesa única de negociações.
“Nos 26 anos da nossa CCT, conseguimos com muita luta agregar conquistas como VR, VA, PLR, auxilio-creche babá, 13 cesta... E somente a mobilização e a luta da nossa categoria conseguirá manter esses direitos”, reforça a presidenta do Sindicato. 
fonte: http://spbancarios.com.br/06/2018/bancos-frustram-primeira-rodada-de-negociacao

quarta-feira, 27 de junho de 2018


Tire suas dúvidas sobre Reforma Estatutária da Cabesp

Assembleia que irá deliberar sobre a proposta será 30 de junho; Sindicato e demais entidades representativas dos trabalhadores defendem voto “sim”
  • Afubesp, com edição de Spbancários
  • Publicado em 21/06/2018 17:25 / Atualizado em 25/06/2018 16:01
Cabesp elaborou perguntas e respostas para elucidar seus associados sobre o que será votado na Assembleia Geral Extraordinária, marcada para dia 30 de junho, às 9h, no Esporte Clube Banespa (Avenida Santo Amaro, 5565, Brooklin), às 9h.  A Afubesp, o Sindicato dos Bancários de São Paulo e demais entidades representativas dos trabalhadores orientam o voto SIM, e destacam que esta proposta foi construída em conjunto com as associações de banespianos e sindicatos e seu objetivo é garantir a perenidade financeira da Caixa Beneficente, para que continue atendendo a todos os beneficiários e dependentes da Assistência Direta.
Os déficits operacionais vêm ocorrendo sistematicamente há alguns anos. Só em 2016, o valor foi de R$ 437,6 milhões. Até algum tempo atrás, a rentabilidade das aplicações financeiras, que constituem o patrimônio da Cabesp, davam conta do recado. Mas a acentuada queda nos juros fez derrubar mensalmente a rentabilidade. Outro fator que pesa no aumento severo do déficit é o envelhecimento da massa segurada. Lembrando ainda que o plano está fechado, ou seja, não entram novas vidas há mais de uma década.
Aliado a isso, há também a questão do índice de Variação de Custo Médico-Hospitalar (VCMH), conhecido como inflação médica, que capta oscilações, tanto da frequência de utilização quanto do preço médico, dos serviços de assistência à saúde. Ele é sempre mais elevado que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Para se ter uma ideia, em dezembro de 2015, o custo médico hospitalar bateu recorde chegando a 19,3%, quase o dobro do IPCA, que ficou em 10,6%.
Confira abaixo as perguntas e respostas, que foram publicadas no site da Cabesp. A entidade orienta a quem tiver outras dúvidas a encaminhá-las para o e-mail age@cabesp.com.br.
1. O que prevê a reforma estatutária que será votada na AGE em 30/06/18?
O principal objetivo é a alteração do valor da contribuição, do Associado e do Patrocinador, da seguinte forma:
Ficará estabelecida uma contribuição mínima de 2,5% e máxima de 6% da remuneração, para cada uma das partes, de forma igualitária.
– Em setembro/2018, haverá aumento de 2,5% para 4%
– Em setembro/2019, de 4% para 5% e
– Em setembro/2020, de 5% para 6%.
Demais alterações na redação refletem, em geral, a atualização e adaptação de nomenclaturas, exclusão do que está em desuso e consequentemente renumeração dos artigos. Acesse o documento, na íntegra, no Portal da Cabesp – www.cabesp.com.br
2. Como serão definidas as novas alterações? A Diretoria da CABESP poderá aumentar o percentual de contribuição após o último reajuste acima?
O percentual máximo de contribuição que a Diretoria da CABESP poderá definir é de 6% para cada parte. A alçada da Diretoria fica limitada ao range de 2,5% a 6%. Alterações em percentuais abaixo de 2,5% ou acima de 6% deverão ser aprovados em nova AGE.
Desde que respeite o intervalo mencionado acima, a Diretoria Executiva poderá definir novo percentual de contribuição, sempre apoiada em estudos técnicos, atuariais e financeiros.
3. Para os beneficiários que contribuem integralmente com o custeio do seu plano, como ficará o reajuste?
Terão contribuição mínima de 5% (atual) e máxima de 12%, ou seja, manterão contribuição integral do custeio, ficando já definido o aumento de 5% para 8% em setembro/2018, para 10% em setembro/2019 e para 12% em setembro/2020.
4. Por que está sendo proposta essa nova forma de custeio?
Atualmente, a contribuição do Associado e a contribuição do Patrocinador, acrescidas dos valores de coparticipação, representam cerca de 25% dos custos médicos, o que há mais de 20 anos vem gerando um resultado operacional deficitário para a CABESP.
As receitas financeiras e o próprio Patrimônio da Associação são utilizados para cobrir esse déficit operacional. Caso não haja um aumento da contribuição, o estudo atuarial mais recente aponta para a extinção desse patrimônio em 2040, quando ainda teríamos cerca de 17 mil vidas no Plano Assistência Direta.
Sendo assim, o aumento da contribuição é imprescindível à sustentabilidade da CABESP.
A Mercer Marsh Benefícios (unidade da Marsh Corretora de Seguros Ltda.) é a empresa que realiza os estudos atuariais para a CABESP desde 1990. É empresa idônea e reconhecida no mercado líder global em serviços profissionais nas áreas de risco, estratégia e pessoas. Presta serviço de Auditoria Atuarial no segmento de planos de saúde.
5. Essa Reforma Estatutária prevê alterações na Coparticipação?
Não, para essa reforma não estão previstas quaisquer alterações na Coparticipação. A Cabesp, mediante acordo formalizado com as Associações representativas dos funcionários e o Patrocinador principal, comprometeu-se a manter os valores praticados atualmente até 12 meses subsequentes à aprovação da reforma estatutária, quando as discussões serão retomadas, com esses mesmos interlocutores.
6. A que se refere o cumprimento da sentença judicial que consta no Edital da AGE?
Essa alteração não depende de votação, pois a CABESP está cumprindo decisão judicial, que extinguiu a obrigação dos Conselheiros Fiscais eleitos pertencerem ao quadro de funcionários associados ativos, ou seja, fica reconhecido o direito de um associado aposentado se candidatar ao cargo.
7. Como funcionará a votação eletrônica?
Caso haja quórum para instaurar a AGE no dia 30/06/18, a votação será presencial, mediante o uso de KeyPads, como já realizado na AGO do dia 28/04/18. Para se instaurar a Assembleia, é necessária a maioria dos Associados.
Se não houver quórum mínimo, no próprio dia 30/06/18 iniciar-se-á o Plebiscito, que estará disponível até 10/07/18 para o Associado manifestar seu voto (Sim ou Não, para a reforma estatutária).
A votação será realizada pelo Portal CABESP ou pelo telefone 0800 772 2020, exclusivo para essa finalidade. Uma senha será enviada a cada Associado, por e-mail, SMS ou endereço constante no cadastro, para que o voto possa ser registrado em qualquer um desses Canais.
8. Quem vota?
Somente os Associados, ou seja, funcionários do Banco Santander (Brasil) S/A e suas empresas do Conglomerado, originários do Banco do Estado de São Paulo S/A e demais empresas do Conglomerado Banespa e funcionários da própria CABESP, ativos ou que se desligaram por motivo de aposentadoria, conforme artigo 5º do estatuto social.
9. Caso eu não receba a senha, como devo proceder?
Ligue para o Disque Cabesp, 0800 722-2636, para receber as orientações.
Fonte:/ http://spbancarios.com.br/06/2018/tire-suas-duvidas-sobre-reforma-estatutaria-da-cabesp


Bancários e Fenaban fazem primeira rodada de negociação na quinta 28

Comando Nacional quer garantia de todos os direitos até a assinatura de um novo acordo e reivindicam aumento real, PLR maior, mais empregos, respeito à CCT
  • Contraf-CUT, com edição da Redação Spbancarios
  • Publicado em 26/06/2018 17:01 / Atualizado em 26/06/2018 17:04
Arte: Contraf-CUT
A primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) será realizada na quinta-feira 28. A categoria tem data-base em 1º de setembro e cobra das instituições financeiras aumento real, PLR maior, mais empregos e respeito a todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho, a CCT.
“Nossa preocupação tem fundamento”, afirma Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e uma das coordenadoras do Comando. “Em 2016 assinamos um acordo com validade de dois anos, ou seja, até 31 de agosto de 2018. Mas tão logo a ‘reforma’ trabalhista de Temer foi aprovada, alterando a legislação e retirando direitos, teve banco já abusando. Há situações em que bancários estão sendo dispensados sem a devida homologação feita nos sindicatos, sem saber se estão recebendo tudo que lhes é devido de acordo com nossa CCT, que tem validade nacional para empregados de bancos públicos e privados”, relata a dirigente.
“Assim, vamos para essa primeira mesa reforçar nossa pauta de reivindicações, aprovada por bancários de todo o Brasil, e também cobrar a ultratividade dos nossos direitos, ou seja, que a CCT continue valendo até a assinatura de um novo acordo”, diz a presidenta da Contraf-CUT. “Mais que isso, queremos assinar nossa CCT este ano, com todos os nossos direitos conquistados em anos de muita luta.”
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e também coordenadora do Comando, Ivone Silva, reforça: “Não vamos recuar com as conquistas da nossa Convenção Coletiva de Trabalho, com validade nacional, que este ano completa 27 anos. O lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil [Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander], nos três primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 20,3 bilhões, com crescimento de 18,7%. Vamos reivindicar maior responsabilidade social do setor, para contribuir com a geração de empregos do país e eles podem fazer isso contratando mais e oferecendo taxas de juros mais baixas para a população e o setor produtivo.”

Bancos podem e devem

Apesar da crise que assola o Brasil, agravada pelo golpe de 2016, os bancos brasileiros seguem ganhando muito, como sempre. A soma do lucro dos cinco maiores (Bradesco, Itaú, Santander, BB e Caixa), em 2017, alcançou a cifra de R$ 77,4 bilhões, crescimento da ordem de 33,5% em 12 meses.
“Não achamos ruim que os bancos lucrem. O ruim é ganharem tanto e sem retorno para a população, com esses juros escorchantes que tiram recursos da sociedade e com demissão de trabalhadores e fechamento de agências. Assim só eles ganham”, ressalta Juvandia Moreira.
“E, mesmo com tanto ganho, o que esses bancos fazem? Demitem”, critica Juvandia. “Somente em 2017, o setor que está entre os que mais ganham no Brasil, extinguiu 17.905 postos de trabalho. E entre janeiro e maio de 2018, já foram mais 2.675 postos fechados. São trabalhadores jogados na calçada da crise por instituições que estão com ótima saúde financeira. Isso é injustificável, é desumano. E é com esse espírito de cobrar dos bancos respeito aos bancários e seus direitos, mas também aos clientes e a toda população brasileira, que vamos para essa primeira rodada de negociação com a certeza de que as instituições financeiras brasileiras podem e devem atender às reivindicações de seus empregados.”



Não é benefício do banco. É conquista dos bancários!

Percepção da sociedade, e muitas vezes dos próprios bancários, de que instituições financeiras “oferecem bons benefícios” é equivocada; todos os direitos da categoria, desde a jornada de seis horas até o VR, VA e PLR, são conquistas da luta organizada dos trabalhadores
  • Redação Spbancarios
  • Publicado em 21/06/2018 16:36 / Atualizado em 22/06/2018 15:34
Arte: Fabiana Tamashiro
Vale-refeição, vale-alimentação, PLR, 13ª Cesta Alimentação, licença-maternidade e paternidade ampliadas, auxílio creche, abono-assiduidade, jornada de seis horas, etc. Ao contrário da percepção equivocada de parte da sociedade, e por vezes de uma parcela significativa dos próprios bancários, esse conjunto de direitos não são “ótimos benefícios oferecidos pelos bancos”, e sim conquistas da luta organizada dos trabalhadores do setor, ao lado das suas entidades representativas como, por exemplo, o Sindicato (veja linha do tempo com as principais conquistas da categoria no final da matéria).
Essa percepção equivocada de que os bancos “oferecem” ótimos benefícios aos seus funcionários é evidenciada em sites como o I Love Mondays, que permitem que trabalhadores avaliem anonimamente as condições de trabalho, carreira e remuneração das empresas em que atuam.
Confira abaixo alguns depoimentos de bancários na plataforma.
“Benefícios muito atrativos, PLR, tickets, vale cultura, auxílio aos estudos, plano de saúde e odontológico de ótima qualidade. Pagamentos em dia”, bancário do Itaú.
“Valor do vale refeição é compatível aos restaurantes da região além de ter restaurantes no prédio que também aceitam VR”, bancário do Santander.
“Ótimos benefícios e muita pressão”, bancário do Bradesco.
“O vale refeição/alimentação era excelente, tanto que era possível dividí-lo em dois cartões (alimentação e refeição)”, bancário do Banco do Brasil.
“Bons benefícios. Vale-refeição, transporte, bolsas, plr, vale-alimentação e salário maternidade”, bancário da Caixa.
De acordo com a secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato, Marta Soares, essa percepção equivocada sobre os direitos conquistados pela categoria bancária é estimulada pelas próprias instituições financeiras.
“Vemos que todos os direitos citados como `benefícios´ por bancários no site I Love Mondays são conquistas históricas da categoria, previstos na nossa Convenção Coletiva de Trabalho, nacional e válida para todos os bancos, e reajustados a cada Campanha Nacional Unificada dos Bancários. Uma prova óbvia de que não são benefícios oferecidos pelos bancos é o fato de que esses direitos são os mesmos em todas as instituições financeiras. Os banqueiros não deram nada por boa vontade. Teve muita luta envolvida e muita resistência por parte dos bancos para que chegássemos nesse conjunto de direitos que temos hoje. Isso as instituições financeiras não contam quando fazem propaganda de que estão entre as melhores empresas para trabalhar. Na verdade, são os bancários que são parte de uma das mais organizadas e combativas categorias para lutar”, esclarece a dirigente.
“E essa percepção equivocada extrapola até mesmo os limites da nossa categoria. Existe uma inveja, no bom sentido, de trabalhadores de outros setores sobre os ditos `benefícios´ dos bancários. Aquela história de `quero trabalhar no Itaú para receber tanto de VR´. Na verdade, o que as pessoas não sabem, é que não importa o banco que você trabalhe, o VR será o mesmo, assim como outras conquistas. Essa inveja boa faria mais sentido se fosse direcionada a capacidade histórica de organização, mobilização e luta dos bancários. Isso sim é de dar inveja”, acrescenta.

Imprensa

A dirigente avalia ainda que parte de imprensa estimula essa percepção de que os bancos são “bons patrões”, ignorando seus altíssimos lucros, a pressão absurda que sofrem seus trabalhadores, a sobrecarga de trabalho e o elevado índice de adoecimento na categoria, além de omitir o fato de que os direitos dos bancários são fruto, única e exclusivamente, da luta organizada da categoria.
“Um exemplo claro é uma matéria da Exame e reproduzida por outros veículos sobre o site I Love Mondays, que cita o VR e o VA como benefícios concedidos pelo Itaú e Santander, divulgando ainda o índice de ´satisfação com benefícios´ dos trabalhadores destes dois bancos. Em nenhum momento, na matéria, o jornalista pontua que o que chama de benefício é previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, fruto das nossas lutas, das nossas greves. Ao omitir essa informação, a matéria, assim como tantas outras, perpetua essa visão equivocada de que os bancos oferecem bons benefícios por livre e espontânea vontade”, critica.

Pioneirismo

Os bancários foram a primeira categoria a ter garantido em acordo o direito à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a promoção da igualdade de oportunidades, a licença-maternidade de 180 dias, paternidade de 20 dias, um instrumento de combate ao assédio moral e centros de realocação e requalificação profissional, nos bancos, com o objetivo de evitar demissões. Entre 2004 e 2017, a mobilização dos bancários ao lado do Sindicato conquistou aumentos salariais acima da inflação, garantindo ganho real de 20,26%. No piso, esse aumento foi ainda maior, 41,6%. Assim como nos vales-refeição, 35,4% e alimentação 36,9%.
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) conta hoje com mais de 70 cláusulas que garantem aos funcionários de bancos públicos e privados vales alimentação, refeição, 13ª cesta, auxílio-creche/babá, PLR, complementação salarial aos afastados por doença, auxílio para requalificação profissional, entre outros direitos.

Campanha 2018

Marta lembra que a pauta de reivindicações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários deste ano já está com os bancos.
“Com a reforma trabalhista, que acabou com a ultratividade, que garantia a validade de um acordo até a assinatura de um novo, todo o nosso conjunto de conquistas está ameaçado. Apresentamos aos bancos a proposta de um pré-acordo para assegurar todos o direitos previstos na nossa Convenção até que se encerrem as negociações com a assinatura de uma nova. Nossas grandes preocupações são garantir todos os nossos direitos na CCT, com validade para todos os bancários, independentemente da remuneração; defender os empregos; a defesa dos bancos públicos e seus trabalhadores; e aumento real para salários e demais verbas”, explica Marta. 
“Mais uma vez os bancários vão mostrar a força da nossa unidade e mobilização. Precisamos de todos juntos. Todos por direitos”, conclama a dirigente.
Fonte: http://spbancarios.com.br/06/2018/nao-e-beneficio-do-banco-e-conquista-dos-bancarios