Não é benefício do banco. É conquista dos bancários!
Percepção da sociedade, e muitas vezes dos
próprios bancários, de que instituições financeiras “oferecem bons benefícios”
é equivocada; todos os direitos da categoria, desde a jornada de seis horas até
o VR, VA e PLR, são conquistas da luta organizada dos trabalhadores
- Redação Spbancarios
- Publicado em 21/06/2018 16:36 /
Atualizado em 22/06/2018 15:34
Arte: Fabiana Tamashiro
Vale-refeição, vale-alimentação, PLR, 13ª Cesta
Alimentação, licença-maternidade e paternidade ampliadas, auxílio creche,
abono-assiduidade, jornada de seis horas, etc. Ao contrário da percepção
equivocada de parte da sociedade, e por vezes de uma parcela significativa dos
próprios bancários, esse conjunto de direitos não são “ótimos benefícios
oferecidos pelos bancos”, e sim conquistas da luta organizada dos trabalhadores
do setor, ao lado das suas entidades representativas como, por exemplo, o
Sindicato (veja
linha do tempo com as principais conquistas da categoria no final da matéria).
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Essa percepção equivocada de que os bancos “oferecem”
ótimos benefícios aos seus funcionários é evidenciada em sites como o I Love Mondays,
que permitem que trabalhadores avaliem anonimamente as condições de trabalho,
carreira e remuneração das empresas em que atuam.
Confira abaixo alguns depoimentos de
bancários na plataforma.
“Benefícios muito atrativos, PLR, tickets,
vale cultura, auxílio aos estudos, plano de saúde e odontológico de ótima
qualidade. Pagamentos em dia”, bancário do Itaú.
“Valor do vale refeição é compatível aos
restaurantes da região além de ter restaurantes no prédio que também aceitam
VR”, bancário do Santander.
“Ótimos benefícios e muita pressão”,
bancário do Bradesco.
“O vale refeição/alimentação era
excelente, tanto que era possível dividí-lo em dois cartões (alimentação e
refeição)”, bancário do Banco do Brasil.
“Bons benefícios. Vale-refeição,
transporte, bolsas, plr, vale-alimentação e salário maternidade”, bancário da
Caixa.
De acordo com a secretária de Imprensa e Comunicação do
Sindicato, Marta Soares, essa percepção equivocada sobre os direitos conquistados
pela categoria bancária é estimulada pelas próprias instituições financeiras.
“Vemos que todos os direitos citados como `benefícios´
por bancários no site I Love Mondays são
conquistas históricas da categoria, previstos na nossa Convenção Coletiva de
Trabalho, nacional e válida para todos os bancos, e reajustados a cada Campanha
Nacional Unificada dos Bancários. Uma prova óbvia de que não são benefícios
oferecidos pelos bancos é o fato de que esses direitos são os mesmos em todas
as instituições financeiras. Os banqueiros não deram nada por boa vontade. Teve
muita luta envolvida e muita resistência por parte dos bancos para que
chegássemos nesse conjunto de direitos que temos hoje. Isso as instituições
financeiras não contam quando fazem propaganda de que estão entre as melhores
empresas para trabalhar. Na verdade, são os bancários que são parte de uma das
mais organizadas e combativas categorias para lutar”, esclarece a dirigente.
“E essa percepção equivocada extrapola até mesmo os
limites da nossa categoria. Existe uma inveja, no bom sentido, de trabalhadores
de outros setores sobre os ditos `benefícios´ dos bancários. Aquela história de
`quero trabalhar no Itaú para receber tanto de VR´. Na verdade, o que as
pessoas não sabem, é que não importa o banco que você trabalhe, o VR será o
mesmo, assim como outras conquistas. Essa inveja boa faria mais sentido se
fosse direcionada a capacidade histórica de organização, mobilização e luta dos
bancários. Isso sim é de dar inveja”, acrescenta.
Imprensa
A dirigente avalia ainda que parte de imprensa estimula
essa percepção de que os bancos são “bons patrões”, ignorando seus altíssimos
lucros, a pressão absurda que sofrem seus trabalhadores, a sobrecarga de
trabalho e o elevado índice de adoecimento na categoria, além de omitir o fato
de que os direitos dos bancários são fruto, única e exclusivamente, da luta
organizada da categoria.
“Um exemplo claro é uma matéria da Exame e reproduzida por outros veículos sobre
o site I
Love Mondays, que cita o VR e o VA como benefícios concedidos pelo
Itaú e Santander, divulgando ainda o índice de ´satisfação com benefícios´ dos
trabalhadores destes dois bancos. Em nenhum momento, na matéria, o jornalista
pontua que o que chama de benefício é previsto em Convenção Coletiva de
Trabalho, fruto das nossas lutas, das nossas greves. Ao omitir essa informação,
a matéria, assim como tantas outras, perpetua essa visão equivocada de que os
bancos oferecem bons benefícios por livre e espontânea vontade”, critica.
Pioneirismo
Os bancários foram a primeira categoria a ter garantido
em acordo o direito à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), a promoção da
igualdade de oportunidades, a licença-maternidade de 180 dias, paternidade de
20 dias, um instrumento de combate ao assédio moral e centros de realocação e
requalificação profissional, nos bancos, com o objetivo de evitar demissões.
Entre 2004 e 2017, a mobilização dos bancários ao lado do Sindicato
conquistou aumentos salariais acima da inflação, garantindo ganho real de
20,26%. No piso, esse aumento foi ainda maior, 41,6%. Assim como nos
vales-refeição, 35,4% e alimentação 36,9%.
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) conta hoje com
mais de 70 cláusulas que garantem aos funcionários de bancos públicos e
privados vales alimentação, refeição, 13ª cesta, auxílio-creche/babá, PLR,
complementação salarial aos afastados por doença, auxílio para requalificação
profissional, entre outros direitos.
Campanha
2018
Marta lembra que a pauta de reivindicações da Campanha
Nacional Unificada dos Bancários deste ano já está com os bancos.
> Pauta de
reivindicações dos bancários já está com os bancos
> Consulta aponta que bancários estão dispostos a paralisar
> Consulta aponta que bancários estão dispostos a paralisar
“Com a reforma trabalhista, que acabou com a
ultratividade, que garantia a validade de um acordo até a assinatura de um
novo, todo o nosso conjunto de conquistas está ameaçado. Apresentamos aos
bancos a proposta de um pré-acordo para assegurar todos o direitos previstos na
nossa Convenção até que se encerrem as negociações com a assinatura de uma nova.
Nossas grandes preocupações são garantir todos os nossos direitos na CCT, com
validade para todos os bancários, independentemente da remuneração; defender os
empregos; a defesa dos bancos públicos e seus trabalhadores; e aumento real
para salários e demais verbas”, explica Marta.
“Mais uma vez os bancários vão mostrar a força da nossa
unidade e mobilização. Precisamos de todos juntos. Todos por direitos”,
conclama a dirigente.
Fonte: http://spbancarios.com.br/06/2018/nao-e-beneficio-do-banco-e-conquista-dos-bancarios
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