Brasil tem a 11ª
conta de luz mais cara do mundo
Pacote para reduzir o custo da eletricidade fez o País
cair da 4ª posição, mas tributação impede queda maior (Lu Aiko Otta)
Mesmo com o pacote de
2012 para reduzir o custo da eletricidade, o Brasil ainda tem a 11.ª tarifa
mais elevada do mundo,
mostra levantamento da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). O
valor é 8,8% superior à média
de uma lista de 28 países selecionados pela entidade, que mantém uma espécie de "custômetro"
da energia, permanentemente atualizado. Antes das medidas adotadas pela
presidente Dilma Rousseff, o Brasil
estava na quarta posição.
A tributação responde
por boa parte do problema. Segundo a entidade, impostos e contribuições
federais e estaduais, mais os
encargos setoriais, que são taxas específicas cobradas junto com a conta,
respondem por 36,6% da tarifa.
Questionado, o Ministério de Minas e Energia não respondeu.
Existe uma explicação
para o aumento do peso tributário nas contas de luz. "O consumidor de
energia elétrica não tem para
onde correr", resume o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio
Sales. Todo mundo consome e os
tributos são "insonegáveis".
Como consequência, os
governos federal e estaduais pesam a mão na hora de cobrar impostos do setor,
de forma que hoje as
empresas suportam uma carga desproporcional à sua fatia na economia. Pelos cálculos
do Acende Brasil, o
setor elétrico responde por 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Ao
mesmo tempo, é responsável
por 5,2% do PIS-Cofins e por 8,7% do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Desconto
Se esses dois
tributos fossem cortados pela metade, as tarifas poderiam ter uma redução de
10%, estima Sales. Porém, as
possibilidades de isso ocorrer são mínimas.
Há forte resistência
dos Estados em abrir mão do ICMS que recolhem na conta de luz. Entre outras
coisas, a arrecadação sobre a
eletricidade, ao lado das contas de telefone e de combustível, sustenta as
receitas estaduais e, em
alguns casos, dá fôlego à prática da chamada guerra fiscal. A discussão sobre
redução do ICMS estadual, que
ganhou algum alento no ano passado, agora se encontra parada no Congresso Nacional.
Do lado federal,
tampouco há perspectiva de redução do PIS-Cofins. Pelo contrário, a área técnica
do Ministério da Fazenda
propôs uma total reforma desses tributos, considerados extremamente complexos, mas a discussão parou
por causa do impacto que a mudança teria na arrecadação.
A simplificação
traria perdas, algo difícil de acomodar num momento em que o governo considera
até cortar 20/2/2014 Brasil tem a 11ª
conta de luz mais cara do mundo investimentos para
melhorar o resultado de suas contas.
Aumento
O que está no
horizonte, ao contrário de uma redução, é o aumento dos encargos setoriais. O
pacote de redução da energia elétrica
aumentou a lista de itens a serem bancados com recursos da Conta de Desenvolvimento Energético
(CDE), cuja arrecadação é insuficiente para fazer frente às obrigações.
No ano passado, as
fontes de receita do CDE geraram R$ 1,9 bilhão. As despesas, por sua vez,
atingiram R$ 16,8 bilhões. O
Tesouro Nacional precisou injetar recursos para fechar a conta. Para este ano,
as estimativas apontam
para R$ 18 bilhões em gastos.
A CDE cobre, entre
outras coisas, o custo de funcionamento das usinas térmicas, que têm energia
cara e foram acionadas por
mais tempo do que o esperado por causa da falta de chuvas.
A discussão do
momento entre os Ministérios da Fazenda e de Minas e Energia é quanto ficará a
conta das térmicas e quem a
pagará: se o consumidor, na conta, ou se o contribuinte, por meio de tributos
para ajudar o Tesouro a
equilibrar as despesas.
Além desse aumento da
CDE, existem no Congresso propostas de novas despesas a serem bancadas pelos encargos. O Acende
Brasil detectou pelo menos sete projetos de lei criando novos programas, como conceder tarifas
subsidiadas para entidades filantrópicas, para agricultores e empreendedores no
Polígono das Secas, para usuários
de balão de oxigênio e para a aquicultura.
Fonte: Estadão
Diretoria Executiva da CONTEC
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