Intransigente, Caixa contesta necessidade de fazer mais contratações
Crédito: Fenae
Na terceira negociação específica, banco não reconhece sobrecarga de trabalho A Caixa Econômica Federal voltou a negar as reivindicações dos trabalhadores, a exemplo do que ocorreu nas duas primeiras rodadas de negociações específicas da Campanha Nacional 2014, na reunião ocorrida nesta segunda-feira (8), em Brasília. Ao ser cobrada pelo Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, quanto à contratação de mais empregados por setor para melhorar as condições de trabalho nas unidades, que sofrem com o número reduzido de pessoal, a empresa manteve posição intransigente ao não reconhecer a existência de problemas como sobrecarga de trabalho e ao continuar com a metodologia que vem utilizando para definir o quantitativo de empregados para a abertura de novas agências.Abaixo-assinadoAntes do início dos debates sobre condições de trabalho e contratações, dois dos quatro pontos previstos para a terceira rodada de negociação, o diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Dionísio Reis, que também é membro da Comissão Executiva de Empregados (CEE-Caixa), entregou aos negociadores da empresa abaixo-assinados com mais de mil assinaturas de clientes e usuários que, insatisfeitos com o número reduzido de empregados nas unidades, reivindicam mais contratações.As adesões foram colhidas em manifestações realizadas pelo Sindicato e pela Apcef/SP em unidades inauguradas há pouco mais de um ano. "Esse abaixo-assinado foi entregue também às superintendências regionais, mas até agora não tivemos medidas para minimizar a sobrecarga dos trabalhadores", destacou Dionísio.Abertura de novas agênciasA CEE/Caixa, que assessora a Comando nas negociações com o banco, argumentou que desde 2010 houve um aumento considerável na abertura de agências, e que as contratações não acompanharam o mesmo ritmo. Já os interlocutores da empresa informaram que em 2005 a Caixa possuía 68.257 empregados, e que até agosto de 2014 o quadro de pessoal atingiu 99.969. A previsão, segundo eles, é de que em setembro seja atingida a marca de 100 mil empregados.De acordo com os representantes da Caixa, as contratações vão continuar. Eles lembraram, no entanto, que elas estão atreladas à abertura de unidades, por determinação do órgão controlador, o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais. O DEST autorizou o banco a atingir, até o final desse ano, o contingente de 103 mil empregados.Mais contrataçõesA coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus, reivindicou que a empresa desvincule da abertura de novas agências as três mil contratações que ainda pode fazer em 2014, o que foi negado pelos negociadores do banco. "Por mais que a Caixa contrate, isso não tem sido suficiente para atender o aumento da demanda e do volume de operações. Ela precisa de mais pessoal para continuar crescendo e cumprindo seu papel de banco público, alavancando o desenvolvimento econômico e social do país", destacou.Fabiana Matheus lembrou ainda que a Caixa tem média de 17 empregados por unidade, abaixo do número de outros bancos. "O volume de trabalho e de atribuições dos trabalhadores é superior aos de outras instituições", enfatizou.Confira os outros pontos da terceira rodada de negociação:Segurança BancáriaA Caixa recusou a reivindicação dos trabalhadores de instalar portas giratórias antes do autoatendimento nas agências. Segundo a empresa, a área técnica não recomenda essa medida. Para a categoria bancária, é fundamental que nenhum trabalhador atue além dos limites desse mecanismo de segurança. Os representantes da empresa ficaram de solicitar nova avaliação do setor responsável.Os interlocutores da Caixa informaram que todas as agências são monitoradas 24 horas durante os sete dias da semana. Disseram ainda que a abertura remota, feita por uma empresa de segurança, já foi implantada em 90% das unidades, e que a marca de 100% deve ser atingida ainda esse ano.Outro ponto de segurança debatido foi o descumprimento da cláusula 27 do Acordo Coletivo de Trabalho, que prevê a abertura imediata da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), em casos de assaltos. A Caixa ficou de apurar a denúncia.TerceirizaçãoA CEE/Caixa cobrou da Caixa o fim da terceirização e dos correspondentes bancários e habitacionais. Para os trabalhadores, essas unidades fragilizam a qualidade do atendimento e podem comprometer a imagem do banco. Os representantes da empresa, porém, defenderam a manutenção dos correspondentes.Próxima negociaçãoEstá confirmada para sexta-feira (12) uma nova rodada de negociações com a Caixa, a partir das 10h, em Brasília. Estarão na pauta os temas carreira, jornada/Sipon e organização do movimento. A coordenadora da CEE/Caixa solicitou que nesta reunião a empresa apresente informações sobre o projeto de reestruturação da Gipso (responsável pela área social do banco).MobilizaçãoFabiana Matheus ressaltou também a importância da participação dos trabalhadores. "A postura da Caixa segue a linha da Fenaban na mesa geral. Os bancos apostam no conflito. É fundamental que os empregados participem de todas as ações propostas pelas entidades, pois somente com mobilização e união conseguiremos avançar", diz.A coordenadora da CEE/Caixa lembrou que a primeira atividade ocorre nesta quinta-feira (11), o Dia Nacional de Luta por Isonomia.Fonte: Contraf-CUT com Fenae
Empresa deve recolher FGTS durante período de afastamento por acidente
O empregador está obrigado a continuar a efetuar os recolhimentos do FGTS nos casos de afastamento do empregado para prestação do serviço militar obrigatório e de licença por acidente do trabalho, como prevê o parágrafo 5º da Lei 8.036/1990. Com base nesse fundamento, a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (MG) confirmou a decisão que determinou o pagamento do FGTS, inclusive no período em que o trabalhador esteve afastado em razão de acidente do trabalho.A condenação alcançou todo o período contratual, já que não houve prova de qualquer recolhimento de FGTS na conta vinculada do trabalhador já morto. Em seu recurso, a construtora reclamada afirmou que o pagamento determinado aos herdeiros não deveria abranger o período em que o ex-empregado recebeu auxílio doença dito "comum", não acidentário.Mas o desembargador Emerson Alves Lage não concordou com esse argumento. É que, apesar de o empregado falecido ter recebido o auxílio doença "comum" durante certo período, ficou claro que todos os afastamentos decorreram do acidente de trabalho sofrido durante a execução dos serviços à empregadora, o que foi demonstrado pelos laudos apresentados pelo Instituto Nacional do Seguro Social.No caso, ficou demonstrado que a reclamada demorou a emitir a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) após o acidente que lesionou o joelho do empregado. Conforme observou o relator, ao emitir a CAT a empresa acabou reconhecendo o acidente do trabalho.Para o julgador, o fato de o trabalhador não ter recebido auxílio doença acidentário (código B91), mas "comum" (código B31), é irrelevante. Ele aplicou ao caso o disposto no artigo 129 do Código Civil: "Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer"."O falecido empregado deixou de receber o auxílio-acidente que lhe era devido apenas porque a reclamada não emitiu a CAT a tempo e modo, conforme lhe competia, não sendo dado a esta se beneficiar do seu ato omissivo", explicou o julgador, negando provimento ao recurso da reclamada, no que foi acompanhado pelo colegiado. Fonte: Consultor Jurídico com TRT-3
Comando cobra mais empregos, fim das terceirizações e piso maior
Crédito: Jailton Garcia - Contraf-CUT
Terceira rodada de negociações entre o Comando e a FenabanA terceira rodada de negociações da Campanha 2014 entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban foi concluída nesta quinta-feira 4, em São Paulo, sem que os bancos apresentassem qualquer proposta para as reivindicações da categoria sobre emprego e remuneração, a exemplo do que já havia acontecido nas duas primeiras rodadas, que discutiram saúde, condições de trabalho, segurança bancária e igualdade de oportunidades. As negociações prosseguem nas próximas quarta 10 e quinta 11, com foco nas cláusulas econômicas, que inclui índice de reajuste e PLR."Mostramos de forma enfática para os banqueiros que a categoria considera uma prioridade dessa campanha a adoção de medidas para preservar o emprego, principalmente em relação à rotatividade e ao fim das terceirizações", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. "Outra prioridade que apontamos é a valorização dos pisos e a implementação de planos de cargos e salários em todos os bancos."Garantia de empregoEstudo do Dieese com base no Caged do Ministério do Trabalho e Emprego mostra que os bancos múltiplos fecharam mais de 5 mil postos de trabalho entre janeiro e julho de 2014, além de 23 mil desligamentos, dos quais 63% foram demissões sem justa causa.O Comando defendeu a pauta de reivindicações dos bancários, aprovada na 16ª Conferência Nacional, destacando sobre esse tema a garantia de emprego e o fim das demissões imotivadas, de acordo com os termos da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).Os bancos alegaram que a Convenção Coletiva não é o instrumento adequado para impor tais restrições aos bancos, uma vez que se trata de políticas de cada instituição. Eles disseram que as demissões na categoria são "irrisórias e ajustes pontuais", realizadas "com muita responsabilidade". Para Carlos Cordeiro, "é irresponsabilidade dos bancos olhar números e não enxergar pessoas, que são pais e mães de família". Fim da terceirização/correspondentes bancáriosO Comando também apresentou dados comparativos da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad/IBGE) de 2011, mostrando que havia 1,004 milhão de trabalhadores no ramo financeiro. E ao se analisar as principais Cnaes (Classificação Nacional das Atividades Econômicas do Setor Financeiro) de 2012, constata-se que 839 mil trabalhadores são contratados por empresas financeiras. Desse total, 512 mil eram bancários. Somente aí estão identificados 165 mil trabalhadores do sistema financeiro não enquadrados na categoria e, portanto, sem a proteção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Somando-se a isso os aproximadamente 400 mil estabelecimentos de correspondentes bancários e o fato de os bancos terceirizarem atividades em que Cnaes não pertencentes ao sistema financeiro, o número verdadeiro de bancários informais é infinitamente maior. Ou seja, enquanto o nível de emprego na categoria vem caindo, inversamente aumenta o processo de terceirização das atividades bancárias.Por isso, os bancários reivindicaram o fim das terceirizações e da utilização dos correspondentes bancários em substituição às agências bancárias.Os negociadores da Fenaban argumentaram, no entanto, que a terceirização é parte estratégica da organização do negócio e defenderam a sua regulamentação de forma ampla e irrestrita. "Os bancos trazem o falso argumento de segurança jurídica, quando na verdade sabem muito bem o que estão fazendo. Querem reduzir custos de mão de obra e evitar a ampliação do passivo trabalhista", destaca Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT e integrante do Grupo de Trabalho sobre Terceirização da CUT.Encarecimento das demissõesO Comando também apresentou à Fenaban a reivindicação de aumentar o valor da indenização adicional, já prevista na Convenção Coletiva nos casos de dispensas sem justa causa, como um mecanismo inibidor das demissões.Os bancos disseram que esse tema é de natureza econômica e darão retorno ao longo do processo de negociações.Jornada de trabalhoDado o alto nível de produtividade da categoria, é reivindicação antiga a redução da jornada de trabalho para cinco horas diárias, de segunda a sexta-feira, para todos os bancários, de forma a gerar novas vagas e melhorar as condições de trabalho e de saúde.O Comando apontou também o descumprimento da jornada de seis horas, que não vem sendo respeitada pelos bancos para um grande número de trabalhadores.PCSApós o debate de emprego, o Comando iniciou a discussão das reivindicações sobre remuneração. O primeiro tema foi a demanda histórica de implementação de Planos de Cargos e Salários (PCS) em todos os bancos, que já existem nas instituições públicas. "O PCS é um instrumento de valorização e de transparência dentro dos bancos, que permite ao trabalhador obter ganhos ao longo de sua permanência na empresa", disse Carlos Cordeiro. O presidente da Contraf-CUT chamou a atenção para a grande diferença entre a remuneração dos altos executivos e dos funcionários, que chega a 318 vezes, uma das maiores do mundo. "O PCS é também um instrumento para que não haja desigualdades, inclusive de gênero, raça e orientação sexual", salienta. Os bancos não admitiram em hipótese alguma incluir a obrigatoriedade de um PCS na convenção coletiva e ainda descartou qualquer possibilidade de incorporar ganhos automáticos em decorrência de tempo de serviço.Piso salarialO Comando reivindicou o salário de ingresso de R$ 2.979,29 para escriturário, que corresponde ao salário mínimo calculado pelo Dieese. Para caixas e empregados de tesouraria, o piso seria de R$ 4.021,99; para primeiros comissionados, de R$ 5.064,73; e para primeiro gerente, R$ 6.703.31.Os negociadores da Fenaban se comprometeram a apresentar uma proposta de piso durante o processo de negociações.Outras reivindicações discutidasAinda sobre emprego, outras reivindicações foram discutidas, como as condições para funcionamento das agências, o controle do tempo de permanência nas filas, a criação de uma comissão sobre mudanças tecnológicas, a instalação de comitê de relações trabalhistas, o abono-assiduidade de cinco dias por ano e investimentos dos bancos para a qualificação e requalificação profissional.Os bancos recusaram as reivindicações apresentadas, ficando apenas de dar resposta sobre a possibilidade de realizar um seminário para aprofundar conhecimentos para mudanças tecnológicas.Avaliação do Comando"Apesar da alta lucratividade do sistema financeiro e da propagandeada responsabilidade social, os bancos negaram na terceira rodada de negociações mais e melhores empregos, ao mesmo tempo em que intensificam a terceirização e a precarização das relações de trabalho", avalia Carlos Cordeiro."Precisamos aumentar a mobilização, fortalecendo os debates com a categoria e o diálogo com a sociedade, mostrando a verdadeira face dos bancos e qual é o projeto de país que eles defendem", conclui o presidente da Contraf-CUT.Calendário de negociações5 - Segunda rodada de negociação específica com o BNB8 - Terceira rodada de negociação específica com a Caixa8 - Entrega da pauta específica de reivindicações ao BNDES 10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB12 - Terceira rodada de negociação específica com o BNB15 - Quarta rodada de negociação específica com o BNB16 - Terceira rodada de negociação específica com o Banco da AmazôniaFonte: Contraf-CUT
Bancos negam que haja demissões e defendem terceirização sem limites
Crédito: Jailton Garcia/Contraf-CUT
Terceira rodada de negociações entre o Comando Nacional e a FenabanNa abertura da terceira rodada de negociações da Campanha 2014 com a Fenaban, realizada nesta quarta-feira 3 em São Paulo, o Comando Nacional dos Bancários apresentou os números dos estudos do Dieese e fez uma discussão conceitual sobre emprego e terceirização na categoria. Os bancos questionaram os dados sobre fechamento de postos de trabalho e defenderam a regulamentação da terceirização de forma ampla, coincidentemente com o mesmo enfoque apresentado pelo programa econômico da candidata Marina Silva. As discussões prosseguem nesta quinta-feira 4, primeiro sobre emprego e depois sobre remuneração.O Comando apresentou o estudo do Dieese com base na Rais do Ministério do Trabalho, mostrando que os bancos privados fecharam 18.023 postos de trabalho em 2013. E que outros 3.600 empregos foram cortados de janeiro a julho de 2014, segundo a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) que a Contraf-CUT faz desde 2009 em parceria com o Dieese com base nos dados do Caged.O comportamento do sistema financeiro vai na contramão dos outros setores da economia, que são menos rentáveis e nesse mesmo período criaram 1,75 milhão de postos de trabalho, contribuindo para que o Brasil tenha o menor nível de desemprego da história.O Comando também criticou a rotatividade no sistema financeiro. Além do fechamento dos postos de trabalho, segundo a pesquisa Contraf-CUT/Dieese os bancos privados desligaram 66.567 trabalhadores entre janeiro de 2013 e julho de 2014. "Essa rotatividade faz parte do negócio do sistema financeiro e é um mecanismo para reduzir salário e aumentar lucros", diz Carlos Cordeiro.Os representantes dos bancos negaram que haja demissões em massa no sistema, alegando que há apenas ajustes pontuais e que o Comando Nacional "está torturando os números". E disseram ironicamente que a diferença de 63,3% entre a média salarial dos admitidos e desligados é uma "boa notícia" porque mostra que os bancários ficam bastante tempo no emprego e têm progressão salarial na carreira.TerceirizaçãoO Comando também apresentou a Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad/IBGE) de 2002 segundo a qual havia naquele ano 586.765 trabalhadores no sistema financeiro. Já em 2011, a mesma pesquisa mostrou que esse número saltou para 1,004 milhão. No entanto, apenas 512 mil bancários eram formalmente contratados pelos bancos em 2012, sob a proteção da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. "Ou seja, para cada bancário formal existe pelo menos outro informal trabalhando no sistema financeiro, recebendo salários inferiores, cumprindo jornadas de trabalho maiores e sem os mesmos direitos da categoria, aumentando os lucros bilionários dos bancos", afirma Miguel Pereira, secretário de Organização da Contraf-CUT. Entre 1999 e 2013, as instituições financeiras aumentaram 319% as despesas com trabalhadores terceirizados, tendência que vem se acelerando nos últimos anos, segundo Relatório Social da Febraban. Se considerarmos os diversos tipos de correspondentes bancários (banco postal, lotéricos, pastinhas, supermercados, drogarias etc.), esses números poderiam ser exponencialmente multiplicados.Outro fator que dificulta o mapeamento adequado do número de trabalhadores terceirizados é que os bancos contratam empresas para realização do mesmo tipo de serviço que são classificados em múltiplas CNAES (Classificação Nacional de Atividades Econômicas). Por isso certamente o número de trabalhadores terceirizados prestando serviços aos bancos é muito maior.Quanto a isso a Fenaban informou novamente que também não tem os números exatos porque isso fica a cargo de cada empresa. "Porém, ao analisarmos os dados dos balanços dos bancos não encontramos essas informações", afirma Carlos Cordeiro.Risco operacionalDaí decorre outro problema sério, com previsão inclusive pela Resolução 3380/2006 do Bacen, que estabelece normas de previsão para o risco operacional, em decorrência dos contratos de terceiros. "Mas como todos dizem que ninguém tem essas informações de forma precisa, o que justificaria a aplicação dos termos da resolução, a palavra está com o Banco Central", acrescenta Cordeiro.Essa ameaça se agrava com a tentativa do setor empresarial, tendo os bancos à frente, de legalizar a terceirização total no Brasil com a aprovação do PL 4330 na Câmara Federal, do PLS 087 no Senado e do julgamento de Recurso Extraordinário com Repercussão Geral no STF. "Por último, é extremamente preocupante o fato de o programa econômico da candidata Marina Silva incorporar expressamente o compromisso de regulamentar a terceirização precarizante em todos os setores da economia", adverte Miguel Pereira.Mesmo com as ameaças mencionadas, o debate precisa ser retomado com os bancos, uma vez que um grande processo de terceirização das atividades bancárias, ligadas ao processamento de documentos, retaguarda bancaria, contabilização, tesouraria. Na verdade, não se trata de terceirização e sim intermediação ilegal de mão de obra. E o vínculo de emprego deve ser estabelecido diretamente com o banco contratante ou no caso dos bancos públicos devem ser pagas as indenizações como se bancários fossem.Os negociadores da Fenaban defenderam a regulamentação já e total das terceirizações, o que coincide com a proposta da candidata Marina Silva apresentada no dia 29 de agosto último.Problemas nos dados de afastamento de bancáriosAo final da negociação, o Comando cobrou esclarecimentos dos bancos acerca dos dados encaminhados pela Fenaban sobre o afastamento de bancários por motivos de saúde. Segundo análise do Dieese, há grandes diferenças entre os números enviados para a Contraf-CUT. Os bancos ficaram de verificar as divergências apontadas.Calendário de negociações4 - Terceira rodada de negociação com a Fenaban5 - Segunda rodada de negociação específica com o BNB8 - Terceira rodada de negociação específica com a Caixa8 - Entrega da pauta específica de reivindicações ao BNDES 10 e 11 - Quarta rodada de negociação com a Fenaban12 - Terceira rodada de negociação específica com o BB12 - Terceira rodada de negociação específica com o BNB15 - Quarta rodada de negociação específica com o BNBFonte: Contraf-CUT
HSBC divulga balanço semestral com prejuízo pela primeira vez no Brasil

Na contramão de todos os demais bancos que publicaram balanços com lucros bilionários no primeiro semestre de 2014, o HSBC no Brasil apresentou prejuízo líquido de R$16,3 milhões. No mesmo período do ano passado apresentou lucro líquido de R$ 464,7 milhões, indicando tendência de queda dos resultados, uma vez que esse valor já apresentava forte retração em comparação a 2012. É a primeira vez, desde que o banco chegou ao Brasil em 1997, que o HSBC apresenta resultado negativo em seu balanço.> Clique aqui para ver a análise do Dieese."Nós sempre apontamos as dificuldades de atuação do HSBC no mercado brasileiro, principalmente na falta de definição e foco e segmentação de seus negócios. Sempre alertamos para o fato de o banco buscar a redução de despesas à geração de novos negócios e receitas. Na contramão, o banco demite, fecha agências e a política de pessoal e remuneração é sempre um desestímulo aos funcionários", lamenta Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT e funcionário do HSBC. Faltam informaçõesO resultado antes dos impostos e das participações foi de R$ 80,8 milhões, mas, mesmo assim, foram contabilizados R$ 171 milhões a título de participações no lucro. O HSBC não explica como foi distribuído e quem foi contemplado com esse montante. Esse pagamento efetuado contrasta com o resultado negativo apresentado no semestre."No fim do mês de agosto o banco pagou para aqueles gerentes que atingiram o cumprimento de suas metas valores aleatórios, de acordo com a performance individual. Soubemos de casos de pagamentos de R$200 a R$10 mil, que obviamente não justificam o montante de R$ 171 milhões contabilizados", questiona Miguel. As Operações de Crédito cresceram 6,7% em doze meses, atingindo um montante de R$ 64,0 bilhões. As operações com pessoas físicas caíram 0,3% em relação a junho de 2013, chegando a R$ 19,5 bilhões. As operações com pessoas jurídicas, por sua vez, alcançaram R$ 44,5 bilhões, com elevação de 10,1% comparado ao mesmo período do ano passado. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias manteve-se praticamente estável, com redução de 0,1 pontos percentuais, atingindo a marca de 4,2% no semestre. Ainda assim, o banco reduziu suas despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) no primeiro semestre de 2014 em 37,4%, atingindo um total de R$ 1,1 bilhão.O banco reduziu seu quadro de funcionários em 417 postos de trabalho se comparado a junho de 2013. Assim, o número total de empregados do banco, no país, é de 21.911 trabalhadores. O número de agências bancárias do HSBC no Brasil foi reduzido em 14 unidades entre junho de 2013 e junho de 2014, totalizando hoje 853 agências, sendo que 11 delas foram fechadas nos seis primeiros meses do ano.'Resultado não espelha esforço dos bancários'"Infelizmente, o resultado apresentado não espelha o esforço do corpo funcional, submetido às péssimas condições de trabalho e ao assédio moral para o cumprimento das metas. Estranhamos ainda mais o resultado apresentado dado o nível de reversão de provisionamento para créditos duvidosos da ordem de R$700 milhões. Outra questão do balanço, não menos preocupante, é que o banco está no seu limite de alavancagem, dadas as regras de Balileia3, que dificulta a realização de novos negócios", destaca Miguel. Segundo o dirigente, diante do valor de R$ 171 milhões a título de participação nos lucros, registrados no balanço semestral, os funcionários deverão exigir do banco o cumprimento do que será acordado na Campanha Nacional dos Bancários 2014, com relação à PLR. "Uma vez que já existe o valor registrado e já houve o pagamento antecipado para alguns (programa próprio), vamos exigir o pagamento para todos", afirma.Fonte: Contraf-CUT
Negociação sobre aditivo do Santander começa, mas não traz avanços
Crédito: Jailton Garcia - Seeb São Paulo
Bancários cobraram mais empregos e melhores condições de trabalhoA primeira rodada de negociação concomitante da pauta específica de reivindicações com o Santander durante a Campanha Nacional 2014, realizada na tarde desta terça-feira (2) em São Paulo, terminou sem avanços para os funcionários do banco espanhol.A Contraf-CUT, federações e sindicatos cobraram a renovação com avanços do acordo coletivo aditivo do banco à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), do acordo do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS) e dos termos de compromisso com a Cabesp e Banesprev.Queremos maisOs dirigentes sindicais defenderam a manutenção das atuais cláusulas do aditivo com ajustes e apresentaram várias reivindicações da minuta para que sejam incluídas no novo instrumento, tais como:- garantia contra dispensa imotivada;- estabilidade provisória para empregados em regime pré-aposentadoria;- realocação de funcionários em caso de fechamento de agências e centros administrativos;- licença remunerada pré-aposentadoria (pijama);- mais saúde, melhores condições de trabalho e mais contratações;- políticas preventivas de saúde e de acidentes de trabalho;- manutenção da assistência médica aos aposentados nas mesmas condições da ativa;- ampliação das bolsas de estudo para segunda graduação e pós;- adiantamento de férias de um salário com desconto em 10 vezes sem juros;- proibição de descontos de comissões por venda de produtos;- auxílio ao estudo de idiomas;-auxílio para curso de certificação da Ambima;- bolsa de férias, a exemplo da Espanha;- linha de crédito para aquisição de moradia;- isenção de tarifas e redução de juros;- auxílio academia para todos;- abono assiduidade de cinco dias por ano;- licença remunerada à mulher vítima da violência;- licença não remunerada para fins de estudo;- auxílio para funcionários que tenham filhos com deficiência intelectual;- fim das discriminações de gênero, raça, orientação sexual e aos trabalhadores com deficiência.Os representantes do Santander concordaram com a manutenção das atuais cláusulas do acordo com adequações e ouviram os argumentos dos dirigentes sindicais sobre as novas propostas apresentadas. Eles fizeram muitas anotações, disseram que tudo estava "entendido", mas não falaram o que pode ser atendido ou não pelo banco."Esperamos que o Santander analise as demandas dos trabalhadores e traga uma resposta na próxima rodada de negociação. Queremos avanços concretos como forma de reconhecimento ao empenho e dedicação dos funcionários", salienta Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT."O trabalhador do Santander precisa ser valorizado, e uma forma dessa valorização ocorrer é o atendimento a essas reivindicações", avalia a secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa.Aditivo prorrogadoO banco entregou um documento para as entidades sindicais, formalizando "a prorrogação do acordo coletivo de trabalho 2012/2014 aditivo à CCT - Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, cuja vigência encerrou em 31/08/2014 em razão das negociações entabuladas com vistas à respectiva renovação". A prorrogação do aditivo foi solicitada pelas entidades sindicais durante o ato de entrega da pauta específica no último dia 14 de agosto.Denúncia graveOs representantes dos trabalhadores denunciaram a existência de um controle do banco para a caracterização do funcionário como inapto. Foi entregue ao banco um formulário de "prontuário clínico" da empresa Micelli Soluções em Saúde Empresarial, contratada pelo Santander para fazer exames como os periódicos e os de retorno ao trabalho.No prontuário há um espaço onde consta o "fluxo para inaptidão", onde o médico examinador deve "contatar antecipadamente o médico coordenador para conclusão"."Esse procedimento é descabido, uma vez que não se justifica consultar o médico do banco para decidir se o bancário está inapto", afirma o diretor do Sindicato dos Bancários da Bahia, Adelmo Andrade. "Cobramos uma posição do banco, pois é inaceitável esse tipo de diagnóstico que fere a ética médica", destaca.Nova rodada de negociaçãoOs dirigentes sindicais fizeram uma proposta de calendário, que prevê negociações nos primeiros dias das duas próximas semanas, visando discutir todas as reivindicações da minuta específica, ao mesmo tempo em que estão ocorrendo as negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban.O Santander ficou de analisar a proposta e dará uma resposta até o final da tarde desta quarta-feira (3).Fonte: Contraf-CUT