quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Campeões dos lucros, bancos não valorizam o emprego
Estudo indica que instituições financeiras lucraram R$ 37 bilhões entre janeiro e setembro, superando todos os outros setores. Mas rotatividade gera enorme prejuízo social

São Paulo - R$ 37,2 bi. Esse foi o lucro líquido somado das instituições financeiras nos primeiros nove meses deste ano e que, segundo estudo da consultoria Economatica, é o maior entre as empresas de capital aberto no Brasil.

Conforme análise da consultoria, quando comparado ao período de janeiro a setembro do ano passado, o lucro líquido das 23 instituições que compõem o setor bancário cresceu 17%. “É inadmissível que um setor tão lucrativo mantenha-se na contramão dos empregos e do crescimento da economia nacional. Os números mostram que os bancos podem contribuir com a sociedade, contratando bancários”, destaca Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato.

Na lista confeccionada pela Economática e que integra 25 segmentos, em segundo lugar ficou o de mineração, com R$ 29,5 bi. Em seguida vem o de petróleo, com R$ 28,3 bi.

Prejuízo ao país – O desempenho das instituições financeiras, no entanto, contrasta com o retorno que têm dado à sociedade em termos de manutenção e geração de empregos.

Algumas delas, como o Itaú Unibanco, têm promovido uma onda de demissões que atinge trabalhadores com longo tempo de empresa e prestes a se aposentar para substituí-los por outros com salários mais baixos ou simplesmente terceirizando setores. Situação que tem provocado contundente reação dos funcionários e do Sindicato. É a chamada rotatividade que afeta não apenas o trabalhador, mas também as contas públicas como é revelado pelo livro lançado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Rotatividade e Flexibilidade no Mercado de Trabalho.

Segundo o Dieese, quando a empresa se utiliza do expediente de trocar trabalhadores para economizar com salários, além de impactar na qualidade de vida do demitido, provoca também um verdadeiro rombo nos recursos públicos.  “Uma parcela significativa de verbas que financiam o investimento, o voltado para a infraestrutura urbana (habitação, saneamento), e também o investimento privado para capacidade física produtiva, tecnologia e desenvolvimento tecnológico, entre outros, são lastreados na poupança compulsória dos trabalhadores (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e nos recursos do fundo público organizado para a proteção dos desempregados, o seguro-desemprego. A utilização intensiva e recorrente destes fundos, cuja condição principal de acesso vincula-se principalmente aos desligamentos dos assalariados no mercado formal de trabalho, impacta fortemente sobre os resultados contábeis destes fundos públicos, onerando o volume de recursos despendido com o seguro-desemprego”, constata o estudo.

De acordo com o Dieese, na década passada a rotatividade no país apenas via demissões – já descontados desligamentos referentes a aposentadoria, pedido de dispensa, entre outros – apresentou as seguintes taxas: em 2001, 34,5%; em 2004, 32,9%; em 2007, 34,3%; em 2008, 37,5%; em 2009, 36%; e em 2010, 37,28%.  Segundo as informações por setor, em 2009, a rotatividade nas instituições financeiras foi de 10,7%

“Isso acontece porque os trabalhadores brasileiros têm pouca proteção no que se refere à manutenção do emprego. No caso específico dos bancos, setor que mais lucra no país, a responsabilidade em manter e ampliar os postos de trabalho é ainda maior. E é isso que temos cobrado insistentemente”, avalia Juvandia.
Falta proteção – Na comparação com outras nações, que também é abordada pelo estudo do Dieese, o Brasil está entre os países que menos medidas adotam na proteção ao emprego.

Para comprovar a análise, o órgão utilizou relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede a proteção ao emprego no país a partir de 21 itens subdivididos dentro das categorias: demissão de trabalhadores individuais com contratos regulares, custos adicionais para demissões coletivas e regulação de contratos temporários.

Segundo a OCDE, o Brasil está entre os países que pouco protegem contra demissões individuais e que não protegem contra demissões coletivas. No ranking geral, que se refere ao índice de proteção, o país encontra- se na 21ª posição entre os 40 analisados (a Turquia é o primeiro e os Estados Unidos é o último), mas não possui exigências específicas para as demissões coletivas – apenas três países entre todos os analisados encontram-se na mesma condição que o Brasil: Indonésia, Índia e Chile.

Jair Rosa - 23/11/2011 - fonte: http://www.spbancarios.com.br/noticia.asp?c=18736


 

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