FUNDOS DE PENSÃO DE FUNCIONÁRIOS DE
EMPRESAS ESTATAIS PODEM “VIRAR PÓ”
Donos da maior poupança do país, um
patrimônio superior a R$ 620 bilhões, os fundos de pensão fechados de
previdência complementar são motivo constante de cobiça. Mas parte importante
dessa montanha de dinheiro corre o risco de virar pó, comprometendo a
aposentadoria de milhares de aposentados e pensionistas, sobretudo os de
empresas estatais.
Atraídas por bancos pequenos e médios com a
promessa de ganho fácil e rentabilidade superior à média do mercado, essas
fundações têm contabilizado prejuízos recorrentes com o fechamento de uma série
de instituições financeiras pelo Banco Central. Estima-se que pelo menos R$ 1
bilhão esteja comprometido com a quebra de sete bancos nos últimos dois anos:
PanAmericano, Schahin, Morada, Cruzeiro do Sul, Prosper, Matone e BVA.
O que mais tem chamado a atenção dos fiscais
do BC e de integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público (MP) é o fato
de serem os fundos de estatais os maiores perdedores. “A coincidência é
impressionante. Em quase todos os bancos fechados por fraudes, há fundos de
pensão de empresas públicas com dinheiro preso.
Parece um movimento combinado, muito
suspeito”, diz um técnico do BC. Os indícios de irregularidades são grandes,
acreditam os policiais envolvidos nas investigações abertas a pedido do MP. Uma
das suspeitas é que gestores das fundações estariam recebendo comissões “por
fora” dos banquinhos para fazerem aplicações de recursos com eles. “Os agrados
feitos pelos bancos de menor porte incluiriam, além de comissões, viagens,
carros e festas com muitas mulheres”, ressalta um policial.
Dois dos maiores sindicatos do Brasil - dos
metalúrgicos do ABC, que representa 112 mil trabalhadores, e dos metalúrgicos
de São Paulo, que representa 430 mil trabalhadores - cumprem jornada de, no
máximo, 40 horas semanais há quase dez anos.
Com os ganhos de produtividade por meio da
maturação dos investimentos realizados nos últimos anos, a indústria de
transformação tem reduzido naturalmente a jornada de seus operários, entende
Silvestre, para quem a ação sindical é decisiva para "acelerar" este
processo. Categorias como enfermeiros já cumprem jornadas inferiores, de 38
horas por semana e, em alguns casos, de 36 horas por semana.
Desafio. Para o secretário executivo do
Ministério do Trabalho, Marcelo Aguiar, o grande desafio do governo será manter
essa redução da jornada num cenário onde o ritmo dos avanços deve ser menor do
que o anterior. "Vivemos um período onde a taxa de desemprego despencou,
ao mesmo tempo em que o rendimento tem aumentado em todas as categorias, e a
jornada tem caído. O desafio, agora, é manter toda essa engrenagem
funcionando", afirmou Aguiar.
Uma mudança constitucional, fixando um novo
teto de jornada semanal de trabalho, aceleraria o movimento de redução do tempo
de trabalho em categorias e regiões que ainda contam com jornadas superiores a 40
horas por semana. Especialistas apontam que, entre os setores, o mais
"crônico" seria a construção civil, onde os operários chegam a
cumprir jornadas superiores ao teto constitucional de 44 horas por semana.
Entre as capitais pesquisadas pelo IBGE, três
apresentaram no mês passado os resultados mais distantes: São Paulo (SP), com
média de 42,3 horas por semana, Rio de Janeiro (RJ), com 42,2 horas por semana,
e Porto Alegre (RS), com 42 horas por semana.
Fonte: Correio Braziliense
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