segunda-feira, 12 de setembro de 2011

CAMPANHA SALARIAL - NEGOCIAÇÕES (Terceira Rodada)

Para bancos, salários e piso do bancário não podem crescer
Fenaban marcou rodada dia 20 para apresentar proposta total. Se quiser respeitar mesa de negociação tem de ter aumento real de salário, PLR maior, valorização do piso e melhores condições de trabalho

São Paulo - Os bancos estão entre os setores que mais cresceram no último ano. Foram R$ 26,5 bilhões de lucro líquido apenas nos primeiros seis meses do ano para as sete maiores instituições financeiras do país (Banco do Brasil, Caixa Federal, Santander, Bradesco, Itaú Unibanco, HSBC e Safra). O valor representa crescimento de 19,98% em relação a igual período de 2010.

A riqueza do subsetor também cresceu e bateu a casa dos 4,5% comparando o segundo trimestre de 2011 com mesmo período de 2010. Se analisado o último ano (ou últimos quatro trimestres), o número sobe para 8,4%, perdendo em crescimento somente para extração mineral (dados do IBGE). O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi de pouco mais de 6%.

“Os negociadores do setor que mais ganha, que mais acumula riqueza afirmaram que os bancários já estão há sete anos com aumento real e tiveram reajuste ‘extraordinário’ do piso no ano passado. O recado foi de que não devemos esperar nada parecido para este ano”, relata Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, sobre o resultado da negociação realizada nessa segunda-feira 12, que debateu as reivindicações de remuneração dos bancários. “Além de não apresentar proposta pra nada, alegam que o salário do bancário cresceu demais. Isso é inaceitável diante dos ganhos dos bancos.”

Essa foi a terceira rodada entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) e aconteceu exatamente um mês após a entrega da pauta, em 12 de agosto. Nas outras duas reuniões foram debatidas reivindicações de emprego, além de saúde e condições de trabalho. Em todas, a resposta da Fenaban para as propostas dos bancários foi “não”. E de acordo com o negociador dos banqueiros, Magnus Apostólico, esse ano, a solução não passa por cláusula econômica. “Se em todas as rodadas disseram não, fica clara a má vontade da Fenaban em negociar”, destaca Juvandia.

Rodada e plenária – A federação dos bancos marcou nova rodada para apresentar proposta total, na terça-feira 20. “Reafirmamos nossas reivindicações e se os bancos quiserem realmente resolver a campanha via negociação, no dia 20 têm de apresentar proposta que aumente os ganhos dos bancários e melhore as condições de trabalho”, afirma a dirigente.

“O Comando Nacional dos Bancários, a exemplo de outros anos, leva as rodadas de negociação a sério. Trouxemos para a mesa as reivindicações definidas por trabalhadores da categoria em todo o Brasil. Os representantes dos bancos, no entanto, parecem que vêm com o discurso do ‘não’ decorado”, critica Juvandia. “Os banqueiros sabem que sem melhoria nas condições de trabalho, aumento real de salários, PLR maior e valorização do piso, a campanha não se resolve. Se não tiverem proposta nesse sentido na rodada que marcaram para o dia 20, estaremos mobilizados.

Bancos e bancários na mesa de negociação
Aumento real
para os negociadores dos bancos, os bancários já estão há sete anos com aumento real. Que este ano não se espere dar um salto na remuneração dos bancários. O Comando destacou que o lucro dos bancos sempre dá saltos gigantes, assim como o volume de serviço. Dentre as dez empresas mais lucrativas do país em 2010 cinco eram bancos. Os bancários querem aumento real como tiveram 85% das categorias até agora. Querem ganhar como ganharam os banqueiros.
Valorização do piso
para a Fenaban o piso dos bancários é alto, teve reajuste extraordinário em 2010 e que este ano a correção será igual à dos salários. Os representantes dos bancos acham que não dá para pensar que todo ano vamos fazer reajuste diferenciado para o piso. O Comando destacou apesar de o Brasil ser a sétima economia do mundo, a desigualdade é grande – só perde para o Haiti, Bolívia e Equador na América Latina. No caso dos bancos, os executivos chegam a ganhar 400 vezes mais que o piso dos bancários, isso só acontece no Brasil e tem de ser combatido.
Vales refeição, alimentação, 13ª cesta e auxílio-creche babá
Fenaban avisou que não pretende dar reajuste diferente dos salários e disseram que é ruim colocar mecanismo de correção como salário mínimo. Bancários aceitam discutir mecanismo, mas querem debater valor atual, que não dá pra fazer supermercado nem fazer refeição diária. Para eles, os tíquetes são auxílio, e não devem cobrir a integralidade dos gastos. O Comando ressaltou que o reajuste diferenciado desses itens foi apontado em consulta como extremamente importante pelos trabalhadores.
Plano de Carreira, Cargo e Salário (PCCS)
a resposta é não. Para Fenaban isso deve ser feito por acordo com cada banco, não querem colocar em Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Comando cobrou transparência, já que os bancários não conhecem os PCCS dos bancos onde trabalham. Como os próprios técnicos da Fenaban afirmam, os PCCS são caixa-preta. Para o Comando, os maiores interessados, os bancários, têm de saber como funciona.
Salário do substituto
também disseram não à reivindicação de o bancário receber salário correspondente ao cargo que estiver substituindo. Bancos veem como favor, uma oportunidade para o trabalhador, como treinamento. Para o Comando, isso é exploração. O bancário acumula a responsabilidade do serviço, tem capacidade e deve ganhar por isso.
Auxílio-educação
Fenaban diz que é política de cada banco e não querem colocar na CCT. Comando insistiu porque essa é uma cobrança,
uma pré-condição para a seleção dos funcionários.
Participação nos Lucros e Resultados
bancários querem três salários mais R$ 4.500, considerado modelo mais justo e mais claro. E cobraram maior distribuição dos altos lucros, não compensação dos programas próprios, pagamento aos afastados e aos que participaram do exercício, além da discriminação dos valores (o que é PLR e o que é programa próprio). Fenaban quer continuar compensando não quer mudar modelo. E vai discutir com bancos a possibilidade de discriminar valores.
Planos de previdência complementar
para Fenaban cada banco faz como acha que deve ser e se recusa a colocar na CCT. O Comando debateu a importância de o bancário ter direito a se aposentar com dignidade, sem queda na remuneração como acontece hoje e sem perder o plano de saúde. Os bancos consideram isso problema do Estado, mas Comando lembrou que os executivos têm tudo isso garantido pelas instituições financeiras quando se aposentam.


Cláudia Motta - 12/09/2011
Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo

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