GOVERNO NÃO
TEM CONSENSO SOBRE ALTERNATIVA A FATOR PREVIDENCIÁRIO
Mesmo após o anúncio de que
irá apresentar uma proposta para substituir o fator previdenciário, o governo
ainda não chegou a um consenso sobre qual deve ser o cálculo usado nas contas
da aposentadoria. Segundo afirmou nesta terça-feira a ministra das Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, a ideia é apresentar, daqui uma semana, uma
alternativa ao Congresso para extinguir o fator previdenciário e substituir o
texto em votação, que institui a fórmula 85/95.
Mas o ministro da
Previdência, Garibaldi Alves, afirmou nesta terça que a proposta sugerida por
Ideli - uma fórmula "móvel", que leva em consideração a expectativa
de vida do brasileiro - pode não ser a mais indicada. "Nós ainda não temos
os cálculos, os levantamentos, e mesmo que tivéssemos, ainda estão em uma fase
técnica. Nós temos ainda que levar isso para o governo e obter um consenso maior,
e aí a própria presidente (Dilma Rousseff) teria que ser consultada",
afirmou.
O texto que tramita na Câmara
visa extinguir o fator previdenciário, um cálculo usado para determinar
aposentadorias por tempo de contribuição e por idade. A ideia é estimular a
permanência do contribuinte na ativa, reduzindo o déficit da Previdência. A
proposta é substituir o fator pelo cálculo 85/95, em que, somando-se a idade
com o tempo de contribuição, o resultado deve ser 85 para mulheres e 95 para
homens. Mas, segundo o ministro da Previdência, esta também não é a melhor
solução para o problema.
"Com o 85/95, uma mulher
com 55 anos e 30 de contribuição teria um ganho de 40% no valor da
aposentadoria trabalhando apenas um ano e meio a mais do que a média. No caso
do homem que se aposentasse com 55 anos, que é a idade média, ele teria que
trabalhar mais dois anos e meio para ter um aumento de 15% no valor da
aposentadoria. O fator previdenciário compensa mais porque acabou com a
diferença de idade entre homens e mulheres", explicou Garibaldi.
Para Garibaldi, uma solução
pode ser estipular uma idade mínima para aposentadoria. "Mas sabemos que
há uma resistência muito grande ao assunto dentro do Congresso e por parte das
centrais sindicais. O que se ventilou em reuniões foi estipular idade mínima
somente para novos segurados, que ingressarem depois no regime de
Previdência", afirmou.
Reforma das pensões
O governo também admite que o
atual modelo de pagamento de pensões por morte ou invalidez aos dependentes dos
segurados também pode sofrer alterações. As mudanças devem ser feitas por meio
de projeto de lei que será enviado ao Congresso, o que ainda não tem data para
acontecer. Segundo Garibaldi Alves, o assunto não tem sido objeto de discussão
entre o Executivo e o Legislativo. A estimativa é que a Previdência pague,
anualmente, R$ 101 bilhões em pensões.
"Fazendo uma
contribuição só, um segurado pode deixar para seus dependentes uma pensão
cheia, igual a quem contribuiu durante vários anos. Não há nenhum país que
tenha essa facilidade em relação às pensões. Acho uma necessidade (reforma nas
pensões) não só pela despesa, mas pela distorção, pela injustiça que é",
disse o ministro.
Fonte: Terra
Diretoria Executiva da CONTEC
Nenhum comentário:
Postar um comentário