Avança negociação sobre saúde entre Comando Nacional e
Fenaban
Nova rodada será realizada
na próxima terça, dia 21, às 10h
Os salários dos bancários
afastados que aguardam perícia médica serão mantidos pelos bancos até que seja
regularizada a situação junto ao INSS. O compromisso foi assumido pelos
representantes da Fenaban, na manhã desta quarta-feira, dia 15, diante da
reivindicação do Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT,
apresentada na segunda rodada de negociação da Campanha 2012, que retomou o
debate sobre as reivindicações de saúde e condições de trabalho.
A discussão havia iniciado
na primeira rodada, realizada nos dias 7 e 8, quando os bancos se negaram a
discutir o fim das metas abusivas que estão adoecendo os bancários em todo
país.
A reunião foi suspensa às
13h por solicitação do Comando, após a notícia do falecimento do ex-dirigente
sindical Manoel Castaño Blanco, conhecido como Manolo, vítima de acidente
vascular, marido da assessora jurídica da Contraf-CUT, Dra. Deborah Regina Rocco
Castaño Blanco, que participava da mesa de negociação.
As negociações serão
retomadas na próxima terça-feira, dia 21, às 10h, em São Paulo. Estarão em
pauta segurança bancária, igualdade de oportunidades e remuneração.
Remuneração para
afastados
Uma das principais
reivindicações debatidas foi a manutenção dos salários e da complementação por
afastamento previdenciário. Desde 2005, o movimento sindical vem recebendo
inúmeras denúncias de casos em que o trabalhador recebe a alta programada do
INSS, mas acaba sendo considerado inapto no exame de retorno ao trabalho
realizado pelos bancos e aí fica "no limbo", sem benefício e sem
salário.
"Essa situação tem
levado o trabalhador a ficar sem remuneração até que consiga nova perícia pelo
INSS, o que leva meses. Nossa reivindicação é que o banco mantenha, no período
em que o bancário esteja sem o auxílio-doença, o pagamento da remuneração total
ao empregado. O que acontece hoje é que o trabalhador se endivida nesse período
para conseguir manter sua família. Isso não pode continuar acontecendo",
afirma Walcir Previtale, secretário da Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Os negociadores da Fenaban
reconheceram que há problemas e assumiram o compromisso de manter os salários
dos afastados que aguardam perícia médica, o que é um avanço. Além disso, eles
concordaram em trabalhar conjuntamente junto ao INSS para agilizar a realização
das perícias e resolver os transtornos causados pela alta programada.
Pausa de 10 minutos
para caixas
Também foi discutida a
proposta dos bancários de garantir o intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos
trabalhados nos casos de serviços que exijam movimentos repetitivos, como os
caixas e as funções que exijam cálculo, contagem de dinheiro e leitura digital
de documentos, garantindo que não ocorra aumento da jornada trabalhada.
"A pausa contínua deve
servir para o trabalhador recuperar a vitalidade das suas atividades física e
mental. A pausa é uma forma de prevenção", avalia Walcir.
Para Carlos Cordeiro,
presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional, "a incidência
de LER/Dort nos caixas é grande e eles continuam sendo avaliados pelas
autenticações, o que aumenta o ritmo de trabalho".
Os bancos, no entanto, não
aceitaram a implantação da pausa reivindicada para os caixas. Eles alegaram que
o intervalo só se justifica na digitação e call center, em razão da
concentração e dos esforços repetitivos.
No entanto, os bancos
manifestaram disposição de fazer após a Campanha Nacional um análise técnica na
Mesa Temática de Saúde do Trabalhador sobre as funções que são mais afetadas
pela LER/Dort e buscar soluções.
Manutenção da função
comissionada após retorno ao trabalho
O Comando Nacional defendeu
a permanência da remuneração dos afastados após o retorno ao trabalho, de modo
que não tenham redução salarial nem perda de função comissionada. Afinal, o
bancário ficou afastado não por vontade própria mas porque foi acometido de
doença do trabalho.
Assim, quem adoeceu não
pode ser punido com a perda da função ao retornar ao trabalho. O descomissionamento
é uma injustiça com o trabalhador.
Os bancos, porém, não
aceitaram a reivindicação, alegando que se o funcionário mudou de função não
pode continuar comissionado.
"Não concordamos com
essa medida, pois o bancário, além de adoecer, ainda tem de lidar com outro
problema que é a diminuição de remuneração mensal", critica Juvandia
Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Os dirigentes sindicais
reivindicaram também que o bancário tenha o direito de fazer consulta médica
durante o horário de trabalho, quando for preciso. Os bancos se negaram a
garantir isso na convenção coletiva.
Eleições de todos os
representantes das Cipas
Os bancários defenderam
ainda que as Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidente) sejam
constituídas por eleições diretas de todos os seus membros. "Mas a Fenaban
defende o atual modelo em que metade é indicada pelos bancos. Eles se recusaram
a avançar nessa questão", critica Walcir.
Os representantes do
Comando Nacional denunciaram a ingerência dos bancos na escolha dos
representantes dos trabalhadores.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb
São Paulo
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