Acordos de
força-tarefa que apura desvios na Caixa e fundos de pensão somam R$ 11 bi
Publicado em 13/08/2018
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Procuradores
da força-tarefa da Operação Greenfield devem encerrar investigações em 2024
A força-tarefa da Operação Greenfield, responsável por
investigar desvios em fundos de pensão, no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço) e na Caixa Econômica Federal, conseguiu apreender recursos e fazer
acordos com investigados para ressarcir R$ 11 bilhões aos cofres públicos.
O montante corresponde a valores recolhidos em operações
policiais, ativos repatriados do exterior e reparações pactuadas com
colaboradores e empresas suspeitas de causar perdas ao erário.
Entre os valores obtidos pela força-tarefa, constam R$ 51 milhões
achados em um bunker atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA), em
Salvador.
Há ainda um quadro de Di Cavalcanti, avaliado em US$ 216 mil,
devolvido pelo ex-conselheiro do FGTS André Luís de Souza. A obra teria sido
adquirida com propinas e vai agora ser exposta na Caixa Cultural, em Brasília.
O grosso dos recursos refere-se, no entanto, aos R$ 10,3 bilhões
pactuados no acordo de leniência da J&F, holding que controla a JBS, dos
irmãos Joesley e Weley Batista. Ela prevê o pagamento em parcelas, durante 25
anos. Por ora, R$ 100 milhões entraram nos cofres públicos, segundo os
investigadores.
Uma revisão do termo, que poderá elevar a multa e o
ressarcimento, foi aberta após levantados indícios de que os delatores do grupo
omitiram informações em seus depoimentos.
Foram feitos também acordos com empresas que se comprometeram a
cobrir prejuízos a fundos de pensão. Por meio desses entendimentos, elas se
livraram de restrições impostas pela Justiça, em troca de cobrir as perdas.
Num deles, por exemplo, a Engevix acertou o pagamento de R$ 288
milhões para cobrir danos à Funcef, dos funcionários da Caixa, relacionados a
perdas do Fundo de Investimento em Participações (FIP) RG Estaleiros.
Em outro caso, o Bradesco pagou R$ 111 milhões ao Petros, dos funcionários
da Petrobras; à Funcef e à Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam). O
valor corresponde ao montante aportado no FIP Enseada, investimento que está
sob investigação.
O balanço consta do relatório de atividades da força-tarefa,
composta por procuradores do Ministério Público Federal em Brasília. O
documento foi enviado à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
Os prejuízos apurados nos diversos casos sob investigação somam
R$ 54 bilhões. A recuperação dos recursos tem grande impacto social, já que
eles voltam para os cofres de fundos de pensão que, por causa das dificuldades
financeiras, têm imposto contribuições mais altas aos seus participantes.
Somente Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), Petros e
Funcef, os três maiores fundos do país, têm 1,2 milhão de participantes,
dependentes e assistidos.
A força-tarefa fixou metas de atuação, das quais 14 foram
cumpridas. Entre as atividades já executadas, constam as denúncias da Operação
Sépsis, que apurou esquema de corrupção para liberar empréstimos da Caixa.
Num dos casos, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ)
foi condenado a 24 anos de prisão por corrupção e lavagem. O ex-ministro
Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) foi sentenciado a oito anos, por lavagem.
Entre as ações penais em curso na Justiça, está a do chamado
“quadrilhão do MDB”. A denúncia da força-tarefa sustenta que aliados do
presidente Michel Temer integravam uma organização criminosa que desviava
dinheiro de vários órgãos públicos. A acusação contra o presidente foi sustada
pela Câmara dos Deputados.
Foram também sugeridas melhorias de gestão na Caixa, cuja cúpula
tradicionalmente era aparelhada por partidos políticos, não raro envolvidos em
corrupção. Vice-presidentes considerados suspeitos foram afastados e um novo
estatuto, com regras de governança, foi aprovado para o banco. Os executivos
passam agora por um processo de seleção.
Há ainda no horizonte dos procuradores 97 metas. Com a estrutura
atual, considerada exígua, a perspectiva é de que os trabalhos só se encerrem
em 2024.
A força-tarefa conta com três procuradores da República em
dedicação exclusiva. Para concluir as investigações em dois anos, seriam
necessários 15, segundo o MPF em Brasília, fora equipe de apoio mais ampla que
a atual.
“Diversos gargalos ainda impedem uma produção maior. O maior
deles, sem dúvida alguma, é o pequeno tamanho de sua estrutura de gabinete.
Além disso, a Polícia Federal tampouco tem alocado estrutura específica para o
desenvolvimento e conclusão da operação. Por ora, apenas uma delegada da
Polícia Federal conduz inquéritos policiais, e sem regime de exclusividade”,
diz o documento, assinados pelos procuradores Anselmo Lopes e Márcio Barra
Lima.
Fonte: Folha.com
Diretoria Executiva da CONTEC
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